terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Pagador de Promessas - 1962



Sinopse:

Zé do Burro é um homem humilde que enfrenta a intransigência da Igreja ao tentar cumprir a promessa feita em um terreiro de candomblé de carregar uma pesada cruz por um longo percurso.

Zé do Burro é o dono de um pequeno pedaço de terra no Nordeste do Brasil. Seu melhor amigo é um burro. Quando este adoece, Zé faz uma promessa à uma mãe-de-santo do Candomblé: se seu burro se recuperar, irá doar sua terra aos pobres e carregará uma cruz desde sua terra até a Igreja de Santa Bárbara em Salvador, onde a oferecerá ao padre local. Assim que seu burro se recupera, Zé dá início à sua jornada.

O filme se inicia com Zé, seguido fielmente pela esposa Rosa, chegando à catedral de madrugada. O padre local recusa a cruz de Zé após ouvir dele a razão pela qual a carregou e as circunstâncias "pagãs" em que a promessa foi feita. Todos em Salvador tentam se aproveitar do inocente e ingênuo Zé. Os praticantes de Candomblé querem usá-lo como líder contra a discriminação[1] que sofrem da Igreja Católica, os jornais sensacionalistas transformam sua promessa de dar a terra aos pobres em grito pela reforma agrária. A polícia é chamada para previnir a entrada de Zé na Igreja, e ele acaba assassinado em um confronto violento entre policiais e manifestantes a seu favor. Na última cena do filme, os manifestantes colocam o corpo morto de Zé em cima da cruz e entram à força na Catedral.


Informações Técnicas:
Título Original: O Pagador de Promessas
Gênero: Drama
Duração: 95 min.
Lançamento (Brasil): 1962
Estúdio: Cinedistri
Distribuição: Lionex Films e Embrafilme
Direção: Anselmo Duarte
Assistentes de direção: José Teles
Roteiro: Anselmo Duarte
Produção: Oswaldo Massaini
Gerente de produção: Roberto Ribeiro
Assistente de produção: José Teles e Ruy Rosado
Fotografia: Henry Chick Fowle
Câmera: Geraldo Gabriel
Assistente de câmera: Marcial Alfonso Fraga
Música: Gabriel Migliori
Direção de arte: José Teixeira de Araújo
Edição: Carlos Coimbra
Sonografia: Carlos Foscolo
Assistente de som: Juarez Costa
Continuidade: Adelice Araújo
Laboratório: Rex Filme





















Elenco:
Leonardo Villar ........ Zé do Burro
Glória Menezes ........ Rosa
Dionísio Azevedo ........ Padre Olavo
Norma Bengell ........ Marli
Geraldo Del Rey ........ Bonitão
Roberto Ferreira ........ Dedé
Othon Bastos ........ Repórter
João Desordi ........ Detetive
Américo Coimbra
Gilberto Marques ........ lego
Carlos Torres ........ monsenhor
Antônio Pitanga ........ Mestre Coca-capoeira
Milton Gaúcho ........ guarda
Irenio Simões ........ secretário do jornal
Enock Torres ........ delegado de polícia
Maria Conceição........  Minha tia-Mãe de Santo
Walter da Silveira ........ bispo
Napoleão Lopes Filho ........ bispo
Velvedo Diniz ........ sacristão
Cecília Rabelo ........ beata
Jurema Penna ........ beata
Alair Liguori ........ beata

Prêmios e indicações:
• Recebeu uma  indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, 1963.

• Palma de Ouro no Festival de Cannes, França (Melhor longa-metragem), 1962;

• Festival Internacional de São Francisco, Estados Unidos (Melhor filme) prêmio Darius Milhaud e melhor música (Golden Gate),1962;

• Prêmio Sapatos Viejos, Festival de Cartagena, Colômbia, 1962;

• Prêmio Cabeza de Palanque, Festival de Acapulco, México, 1962;

• Prêmio Especial de Bucareste, Romênia, 1962;

• Prêmio Crític's Award, Festival Internacional de Edimburgo, Escócia (Diploma de mérito), 1962;

• Menção Honrosa, Festival de Sestri-Levante, Itália, 1962; Menção Especial, Festival de Locarno, Suiça, 1962;

• Menção Honrosa, Festival de Toronto, Canadá, 1962;

• Menção Honrosa, Festival de Karlovy-Vary, Tchecoslováquia, 1962;

• Menção Especial, Festival de Moscou, Russia, 1962;

• Melhor filme, produtor (Oswaldo Massaini), ator (Leonardo Villar) e prêmio especial (Anselmo Duarte e Dias Gomes), prêmio Saci, São Paulo, 1962;

• Melhor filme, produtor (Oswaldo Massaini), diretor, ator (Leonardo Villar) e argumento (Dias Gomes), prêmio Governador do Estado de São Paulo, São Paulo, 1962;

• Melhor filme, diretor, ator (Leonardo Villar), atriz (Norma Bengell), ator secundário (Geraldo del Rey) e revelação (Glória Menezes), V Festival de Cinema de Curitiba, Paraná, 1962;

• Melhor diretor, ator (Leonardo Villar), atriz (Glória Menezes), ator secundário (Roberto Ferreira), menção honrosa (Norma Bengell), argumento (Dias Gomes), fotografia (H.C.Fowle), composição (Gabriel Migliori) e edição (Carlos Coimbra), prêmio Cidade de São Paulo, Júri Municipal de Cinema, São Paulo, 1962;


Melhor filme, diretor, ator (Leonardo Villar) e atriz (Glória Menezes), troféu Cinelândia, Rio de Janeiro, 1962.



Curiosidades:
• Baseado em peça teatral de Dias Gomes.

• Filmado em Salvador, estado da Bahia.

• Estréia no cinema do ator Othon Bastos

• A idéia do filme começou numa noite quente do verão de 1961, quando Anselmo Duarte foi ao TBC assistir à peça de Dias Gomes, encenada por Flávio Rangel, com Leonardo Vilar e Natália Timberg nos papéis principais.

• O Pagador de Promessas foi o primeiro e até agora o único filme brasileiro a ser premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

• Para obter os direitos de filmagem, Anselmo Duarte teve de vencer a resistência do teatrólogo Dias Gomes, que relutava em ceder seu texto ao diretor de apenas um filme, "Absolutamente certo". Um êxito popular de bilheteria. Além disso, disputou o texto com um consagrado diretor de teatro: Flávio Rangel.

• Os direitos de adaptação foram comprados por 400 cruzeiros, o preço mais alto até então pago por uma adaptação brasileira. O filme custou apenas 20 milhões.

• Odete Lara foi a primeira atriz convidada por Anselmo Duarte para um dos principais papéis femininos do filme. Por motivos contratuais, não pôde participar e, mais tarde, se arrependeu amargamente.

• "O pagador de promessas" foi exibido na Casa Branca, em 17.12.1962 e entusiasticamente aplaudido pelo presidente Kennedy, diplomatas e jornalistas.

• Quando o filme o Pagador de Promessas ganhou Palma de Ouro, teve que lutar contra muito mais que outros filmes. O Embaixador em Paris e o Itamaraty não acreditavam realmente no cinema brasileiro. O filme venceu oito concorrentes na comissão de seleção de filmes do Itamaraty, foi selecionado. Mas o pessoal do Rio de Janeiro não sabia que em Paris o Embaixador, a ponto de não emprestar a bandeira do Brasil para o festival.

• O problema da bandeira foi resolvido quando Anselmo Duarte, foi a procura de material para costurar uma bandeira com sua irmã. Mas encontraram um uma casa a bandeira hasteada, era a casa do Doutor Armando Fonseca. Porém a bandeira não tinha era da metade do tamnho do padrão, e pela primeira vez só se hasteou a bandeira do vencedor, as outras ficaram cerradas, caso fossem tambem abertas veriam que ela era menor. Para acompanhar o hasteamento foi arranjado um disco, levado por Oswaldo Massaini, produtor do filme.

• Glauber Rocha foi de grande importância para O Pagador de Promessas, pois ele apresentou Anselmo  Duarte ao prefeito, que era o Antônio Carlos Magalhães. Foi ele que arrumou o Corpo de Bombeiros para as filmagens, foi assistente de produção.

• Após o recebimento do prêmio em Cannes, o diretor e a equipe do filme que viajou até o Festival foi recebida com um desfile público em carro aberto, ao desembarcar no Brasil.

• Canções:
''Cisne branco" (Antônio M.E.Santo e Benedito X.de Macedo);
"Dorinha meu amor" (José Francisco de Freitas);
"Exaltação à Bahia" (Chianca de Garcia e Vicente Paiva).

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